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12 de março de 2007

Intervenção sobre o Darfur na Plenária do Parlamento Europeu, Estrasburgo, 14.2.2007 

Por Ana Gomes

É de facto significativo e preocupante que a Presidência alemã não esteja hoje aqui a representar o Conselho. Diz muito sobre o real interesse e empenho no novo relacionamento com África e no trabalho pelo desenvolvimento de África. Há três anos estive juntamente com outros deputados, que já aqui falaram ou vão ainda falar, no Darfur, e deste então o que vemos é que a situação se deteriora, como disse o Sr. Comissário Almunia.

O governo de Omar al-Bashir joga, brinca com a comunidade internacional, brinca com o Conselho de Segurança, brinca com a União Europeia, brinca com a União Africana e a União Europeia diz palavras grandes e eloquentes e não age. É tempo de a União Europeia agir para exercer a sua responsabilidade de proteger. É tempo de impor uma no-fly-zone a partir do Chade. A União Europeia pode fazê-lo, pode fazê-lo, inclusivamente, juntamente com países africanos com quem tem sinergias e pode ter eficácia no terreno. É tempo de impor sanções inteligentes e faseadas, proibições de viagens e restrições de vistos, bem como o congelamento de bens em bancos e outros e parar de tratar Omar al-Bashir e os membros do seu governo como líderes responsáveis e respeitáveis. É tempo de impor efectivamente um embargo de armas. É tempo de impor outro tipo de embargos comerciais e, sobretudo, o embargo ao petróleo, e aqui, Sr. Presidente, a União Europeia tem de falar sério com a China, porque a China, como sabemos, é muito responsável por esta atitude da parte do governo de Omar al-Bashir e é pena que a Europa fique apenas à espera dos Estados Unidos, como de alguma maneira sugeriu o Sr. Comissário Almunia, porque aqui a União Europeia de actuar independentemente.

Olhemos para o que se passa não apenas no Darfur mas em todo o Sudão, em todo o Corno de África: a União Europeia não pode ficar dependente das visões e das políticas desastrosas dos Estados Unidos em relação ao Corno de África, que vemos também desastrosas na Etiópia, na Eritreia e na Somália. É tempo de a União Europeia agir e eu junto-me aos meus colegas que aqui apelam ao Conselho e ao Presidente da Comissão para que efectivamente a União Europeia não fique mais à espera e exerça a influência que realmente tem em Cartum e em África para mudar a situação e proteger as pessoas que estão a morrer em Darfur, senão daqui a três anos eu e outros colegas estaremos com o Sr. Comissário Almunia ou outro comissário a carpir que a situação não parou de deteriorar-se.

(Estrasburgo, 14 de Fevereiro de 2007)

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