5 de setembro de 2007
Intervenção na plenária do Parlamento Europeu sobre a luta contra o terrorismo
por Ana Gomes
É incompreensível a relutância do Conselho em dar músculo institucional, legal e financeiro à EUROPOL, ao EUROJUST, ao Coordenador anti-terrorismo e ao SITCEN, que poderiam transformar a articulação adhoc em verdadeira cooperação estratégica europeia na luta contra o terrorismo. Vários Estados Membros nem sequer ainda ratificaram as principais convenções internacionais na matéria. A Al Qaeda e a ETA não respeitam fronteiras nem soberanias nacionais. Mas as nossas polícias e serviços secretos continuam tolhidos por barreiras inadequadas.
E não é só mais eficácia que se exige à Europa. É também mais escrúpulos. Porque o "vale tudo" é, precisamente, uma lógica terrorista.
O terrorismo internacional não avançou em Nova Iorque, Bali, Madrid, Londres ou até Bagdad. O maior trunfo, que cada dia lhe rende mais recrutas, foi-lhe dado por governos democráticos, pela facilidade com que sacrificaram valores, direitos e garantias fundamentais - os pilares da Democracia e da Civilização.
A Europa tem de limpar o nome, miseravelmente sujo pela colaboração sistemática de governos europeus com a Administração Bush no rapto, sequestro e tortura de suspeitos de terrorismo. Este Parlamento continua à espera das explicações desses governos.
A Europa tem de ser mais eficaz para derrotar o terrorismo, na cooperação estratégica interna e com os seus aliados. Mas também pelas ideias, políticas e pela lei. A Presidência portuguesa, sob um governo socialista, tinha a obrigação de tentar fazer alguma diferença.
(Estrasburgo, 5 de Setembro de 2007)
É incompreensível a relutância do Conselho em dar músculo institucional, legal e financeiro à EUROPOL, ao EUROJUST, ao Coordenador anti-terrorismo e ao SITCEN, que poderiam transformar a articulação adhoc em verdadeira cooperação estratégica europeia na luta contra o terrorismo. Vários Estados Membros nem sequer ainda ratificaram as principais convenções internacionais na matéria. A Al Qaeda e a ETA não respeitam fronteiras nem soberanias nacionais. Mas as nossas polícias e serviços secretos continuam tolhidos por barreiras inadequadas.
E não é só mais eficácia que se exige à Europa. É também mais escrúpulos. Porque o "vale tudo" é, precisamente, uma lógica terrorista.
O terrorismo internacional não avançou em Nova Iorque, Bali, Madrid, Londres ou até Bagdad. O maior trunfo, que cada dia lhe rende mais recrutas, foi-lhe dado por governos democráticos, pela facilidade com que sacrificaram valores, direitos e garantias fundamentais - os pilares da Democracia e da Civilização.
A Europa tem de limpar o nome, miseravelmente sujo pela colaboração sistemática de governos europeus com a Administração Bush no rapto, sequestro e tortura de suspeitos de terrorismo. Este Parlamento continua à espera das explicações desses governos.
A Europa tem de ser mais eficaz para derrotar o terrorismo, na cooperação estratégica interna e com os seus aliados. Mas também pelas ideias, políticas e pela lei. A Presidência portuguesa, sob um governo socialista, tinha a obrigação de tentar fazer alguma diferença.
(Estrasburgo, 5 de Setembro de 2007)