22 de maio de 2008
Intervenção sobre armas de urânio empobrecido na Plenária do Parlamento Europeu, Estrasburgo, 21 de Maio de 2008
por Ana Gomes
Numa carta recente ao Times de Londres, nove ex-comandantes militares britânicos apelaram ao governo do Reino Unido para se juntar aos que defendem uma proibição das bombas de fragmentação. O argumento é o mesmo que foi invocado no contexto das minas anti-pessoais: por muito útil que uma arma possa ser a curto prazo numa lógica militar, o facto de causar efeitos indiscriminados a longo prazo é suficiente para justificar a suspensão da sua utilização por forças armadas responsáveis.
A mesma lógica aplica-se em relação às munições de urânio empobrecido.
A Organização Europeia de Associações Militares - a EUROMIL - acompanha este assunto de perto e a sua posição - baseada na informação que recebe de militares de toda a Europa - é categórica: as munições de urânio empobrecido devem ser abandonadas quanto antes.
O Parlamento Europeu já se pronunciou a favor de uma proibição total destas armas. E a resolução da Assembleia Geral da ONU aprovada em Dezembro passado que coloca o tema das armas e munições com urânio empobrecido na agenda da 63ª Sessão Plenária da Assembleia Geral, veio confirmar que o Parlamento Europeu tem razão em assumir, e pedir ao Conselho, uma posição de liderança em mais este debate sobre desarmamento e direito humanitário.
Os argumentos contra dos cépticos entre nós não colhem: o mais elementar princípio de precaução exige a estigmatização destas armas, antes mesmo de as muitas provas circunstanciais que apontam na direcção do seu efeito cancerígeno e indiscriminado serem substituídas por provas científicas irrefutáveis.
O que dirão de nós, responsáveis políticos, daqui a uma década, quando os efeitos nefastos destas armas forem claros e inquestionáveis - até para os cépticos de hoje - se entretanto não tivermos feito nada para as retirar de circulação?
Dirão o mesmo que dizem agora sobre as minas anti-pessoais: como é que puderam esperar tanto tempo?
(Estrasburgo, 21 de Maio de 2008)
Numa carta recente ao Times de Londres, nove ex-comandantes militares britânicos apelaram ao governo do Reino Unido para se juntar aos que defendem uma proibição das bombas de fragmentação. O argumento é o mesmo que foi invocado no contexto das minas anti-pessoais: por muito útil que uma arma possa ser a curto prazo numa lógica militar, o facto de causar efeitos indiscriminados a longo prazo é suficiente para justificar a suspensão da sua utilização por forças armadas responsáveis.
A mesma lógica aplica-se em relação às munições de urânio empobrecido.
A Organização Europeia de Associações Militares - a EUROMIL - acompanha este assunto de perto e a sua posição - baseada na informação que recebe de militares de toda a Europa - é categórica: as munições de urânio empobrecido devem ser abandonadas quanto antes.
O Parlamento Europeu já se pronunciou a favor de uma proibição total destas armas. E a resolução da Assembleia Geral da ONU aprovada em Dezembro passado que coloca o tema das armas e munições com urânio empobrecido na agenda da 63ª Sessão Plenária da Assembleia Geral, veio confirmar que o Parlamento Europeu tem razão em assumir, e pedir ao Conselho, uma posição de liderança em mais este debate sobre desarmamento e direito humanitário.
Os argumentos contra dos cépticos entre nós não colhem: o mais elementar princípio de precaução exige a estigmatização destas armas, antes mesmo de as muitas provas circunstanciais que apontam na direcção do seu efeito cancerígeno e indiscriminado serem substituídas por provas científicas irrefutáveis.
O que dirão de nós, responsáveis políticos, daqui a uma década, quando os efeitos nefastos destas armas forem claros e inquestionáveis - até para os cépticos de hoje - se entretanto não tivermos feito nada para as retirar de circulação?
Dirão o mesmo que dizem agora sobre as minas anti-pessoais: como é que puderam esperar tanto tempo?
(Estrasburgo, 21 de Maio de 2008)