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11 de julho de 2008

Intervenção sobre o papel da União Europeia na estabilização do Afeganistão na Plenária do Parlamento Europeu, Estrasburgo, 8 de Julho de 2008 

Saúdo o relator André Brie pelo seu trabalho de análise séria dos graves problemas com que nos defrontamos no Afeganistão e, em particular, pelos seus esforços na procura de linguagem que permita a todos os grupos políticos votar a favor das alterações de compromisso.
Infelizmente, aquando do voto em comissão, duas ideias importantes que constavam das alterações de compromisso foram vítimas do preconceito político de colegas que preferem ignorar os problemas com que a comunidade internacional se vê confrontada no Afeganistão, problemas horrificamente ilustrados pelo ataque assassino ontem cometido contra a Embaixada da Índia em Cabul. Assim, a referência à necessidade de a comunidade internacional reexaminar a sua estratégia militar e civil caiu, como caiu também a passagem que sublinhava o crescente descontentamento popular com a corrupção que grassa nas instituições governamentais.
Neste sentido, apelo aos colegas que apoiem as alterações que o PSE reintroduz com o objectivo de reequilibrar o relatório. Como é que um relatório desta casa sobre o Afeganistão pode abster-se de mencionar o papel do Paquistão e do regime militar que tantos anos desgovernou aquele país? Como é que nós, deputados europeus, podemos ignorar as prisões secretas dos nossos aliados americanos em Cabul e não só? Por que é que alguns colegas rejeitam críticas legítimas ao sistema judicial afegão? A posição do PSE é clara: é possível apoiar a presença acrescida de tropas internacionais no Afeganistão e, ao mesmo tempo, defender a necessidade de reexame da estratégia militar da ISAF. É possível ser a favor de uma estreita cooperação entre a Europa e os Estados Unidos no Afeganistão, sem fechar os olhos aos crimes cometidos pela Administração Bush, em nome da luta contra o terrorismo.
Finalmente, é possível apoiar as instituições afegãs, ao mesmo tempo que se chama a atenção para as suas graves limitações. A Europa só poderá assumir um papel estratégico no Afeganistão quando deixar de ter medo de apresentar uma visão própria para o futuro do país. Por que não começar aqui e agora, com este relatório?

Estrasburgo, 8 de Julho de 2008

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